Robson Morelli

O que sobrou ao Santos faltou ao Palmeiras: raça, disposição e vontade

Na Vila, time de Carille faz 1 a 0 e abre vantagem para jogo de volta no Allianz da final do Paulistão 2024

O Santos abre vantagem na final do Paulistão 2024 sobre o Palmeiras e agora joga pelo empate no Allianz Parque no próximo fim de semana, domingo, dia 7. Era tudo o que a equipe de Fábio Carille queria para sonhar com o título estadual. Nada está decidido, como o próprio Otero disse após a vitória na Vila Belmiro por 1 a 0. O resultado magro deixa a decisão aberta, mas o Santos deixou claro também que não vai facilitar a vida do time de Abel Ferreira. “Ainda não conseguimos nada. Lá tem gramado novo e esperamos ser campeões”, disse Otero, com bastante respeito ao adversário.

O zagueiro Luan, do Palmeiras, viu um rival melhor no primeiro tempo. “Não conseguimos jogar no primeiro tempo. Temos chance na nossa casa agora, diante de nossa torcida. Já vivemos várias situações desse tipo e, mais uma vez, vamos tentar reverter o resultado. Agora é na nossa casa. Achei o primeiro tempo deles melhor do que o nosso e o nosso segundo tempo melhor do que o deles. Temos de rever os erros e acertos e fazer um bom jogo domingo”.

Tanto Otero quanto Luan estão certos em suas declarações. Nada está definido, principalmente porque o Palmeiras tem histórico recente de reverter situações negativas no próprio Estadual, e porque também vai jogar em sua casa, para 42 mil palmeirenses. Vai ter procissão da torcida da Academia ao Allianz e muitos votos de confiança. Abel tentará mexer com o brio dos jogadores, mesmo que entre a primeira e a segunda partida da decisão tenha um jogo da Libertadores (contra o San Lorenzo, na rodada de abertura da competição sul-americana e na Argentina).

Guilherme ajudou o Santos pela esquerda e teve participação direta no gol de Otero contra o Palmeiras / Santos FC

Ocorre que o treinador português sabe que se o Palmeiras jogar da mesma forma, perde o título. Simples assim. O Santos deu um nó no Palmeiras, menos pelo placar simples e chances de gols criadas e mais pela forma com que correu e pela dificuldade que impôs na Vila. A bem da verdade, a única partida boa do Palmeiras no Paulistão foi diante da Ponte Preta, quando fez cinco gols e atropelou. Então, o Palmeiras terá de jogar muito mais, individual e coletivamente.

A festa na Vila Belmiro

O Santos caprichou na recepção de sua torcida para a primeira partida da final. A Vila estava linda para receber Santos e Palmeiras. Jogadores do passado davam a dimensão da tradição do clube mandante. Teve até Neymar carregando a taça para dentro do gramado, como convidado especial. Ele assistiu ao jogo ao lado do seu pai e de amigos das tribunas. Na Vila, só se fala na volta do atacante em junho de 2025, quando terminará seu contrato com o Al-Hilal. Ele prefere o silêncio.

O gramado também estava qualificado para a decisão. Sem reparos. Tudo foi feito e pensado para os primeiros 90 minutos. Pena que somente uma torcida estava presente, salvo alguns palmeirenses disfarçados. A faixa da Torcida Jovem estava de ponta cabeça atrás do gol em protesto até o time voltar para a primeira divisão do Brasileiro. Mas entendo que ela poderia ter mudado de posição na final do Estadual. Fazia três anos que o Santos nem passava nas fases agudas da competição e sua retomada após a queda para a Série B foi meteórica nesse começo de temporada. Eu teria invertido. O estádio recebeu 15 mil torcedores, com renda de R$ 1 milhão. Se tivesse jogado na capital, no estádio do São Paulo ou na arena do Corinthians, teria feito o triplo dessa receita.

Santos é mais intenso no primeiro tempo

O Santos foi mais insinuante nos primeiros 45 minutos, mesmo com maior posse de bola do Palmeiras (51% contra 49%). Essa foi a única estatística que o time da Vila foi pior. Nas tentativas de gols, por exemplo, os donos da casa tiveram 11 chances contra cinco dos visitantes, de acordo com o Flashscore. A bola rondou a área de Weverton, mas nenhuma delas assustando ou obrigando o goleiro palmeirense a fazer defesas difíceis. O Palmeiras teve a primeira chance de gol, mas depois aceitou o jogo mais forte do rival. Não fez um primeiro tempo no seu nível. Mais marcou do que atacou. Endrick e Raphael Veiga foram anulados. Flaco López teve uma boa oportunidade, mas errou. Abel cobrou uma cavadinha. O atacante preferiu chutar rasteiro.

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Faltou mais rapidez, volume e agressividade ao Palmeiras, tudo o que sobrou ao Santos. O time respeitou demais os donos da casa e sua disposição de atacar e correr. Guilherme fez boas jogadas pela esquerda. Otero estava ligado. Assim, o Santos foi empurrando a equipe de Abel para trás. E o Palmeiras aceitou isso. Estava muito mais tímido do que o normal. Aliás, o Palmeiras tem sido um adversário menos “faminto” neste Estadual. Tem encontrado mais dificuldades e obstáculos contra muitos adversários.

Gil segura os atacantes do Palmeiras e se esforça em quase todas as divididas na primeira partida da final do Paulistão na Vila / Santos FC

Nada muda na etapa final e Palmeiras não reage

O Santos não recuou no segundo tempo. Então, não demorou para o gol sair. Mayke e Marcos Rocha não foram capazes de segurar Guilherme pela esquerda. O atacante fez boa jogada e colocou a bola na cabeça de Otero. Piquerez bobeou: 1 a 0.

Nem com a vantagem o Santos tirou o pé. Nem com a desvantagem o Palmeiras acelerou. Parecia jogo de um tempo só. O contra-ataque era a opção do Palmeiras, bem pouco para um time que tenta o tricampeonato paulista. Para não dizer que a equipe não melhorou nada, algumas boas jogadas aconteceram pela direita, principalmente com Mayke e Endrick. Mas nada que justificasse o empate. Nada. A melhor chance foi de Rony, que entrou no lugar de Endrick. Ele tocou, mas o goleiro João Paulo fez ótima defesa.

O que o Palmeiras precisará fazer?

O jogo teve algumas faltas mais pesadas. Sem bola. Parece uma tendência da arbitragem brasileira deixar o jogo seguir mais. Alguns árbitros estão dando de ombros para essas entradas. O Palmeiras até arriscou mais chutes no fim do duelo, dando o contragolpe aos donos da casa. Mas nem uma coisa nem outra funcionou, de modo a fazer com que o resultado se mantivesse na Vila. O Santos leva a vantagem do empate para a partida de volta no Allianz. O time de Carille quebra uma invencibilidade de 20 partidas do rival. Ao Palmeiras só a vitória interessa. Se for por dois ou mais gols de diferença, o time de Abel será tricampeão estadual. Se empatar ou perder, a taça vai para a Vila. Se o Palmeiras ganhar por um gol de diferença, o campeão será conhecido nas cobranças de pênaltis.

Estatísticas do jogo na Vila Belmiro

Santos versus Palmeiras
44% (POSSE DE BOLA) 56%
14 (TENTATIVAS DE GOL) 17
8 (CHUTES NO GOL) 7
5 (CHUTES PARA FORA) 7
1 (CHUTES BLOQUEADOS) 3
20 (FALTAS COBRADAS) 12
6 (ESCANTEIOS) 6
0 (IMPEDIMENTOS) 1
7 (DEDESAS DO GOLEIRO) 7
11 (FALTAS) 18
330 (PASSES TOTAIS) 445
252 (PASSES COMPLETOS) 371
74 (ATAQUES) 82
65 (ATAQUES PERIGOSOS) 66
Fonte: Flashscore

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