Palmeiras repete Palestra Itália da década de 1930 e é tricampeão paulista ao bater o Santos

É difícil tirar um título do time de Abel Ferreira em duas partidas: elenco tem sede de vitórias e fome de conquistas

Qualquer adversário precisa de muito mais para tirar um título do Palmeiras em duas partidas de uma decisão. Foi assim em 2022, 2023 e agora em 2024. O Santos ganhou a primeira partida na Vila Belmiro (1 a 0), entregou tudo o que podia naquele jogo e passou a semana pensando em uma maneira de segurar o resultado na casa do rival. Seus jogadores e o técnico Fábio Carille merecem todo o respeito do torcedor santista. Para um time e um clube que estavam desestruturados há quatro meses, amargando o dissabor inédito do rebaixamento para a Série B, até que o Santos foi longe e bem. Mas era difícil segurar o Palmeiras no Allianz Parque, com 41 mil torcedores empurrando e acreditando na virada.

O segredo? O segredo está nas declarações de Marcos Rocha e também de Rony. O atacante, que entrou no jogo no segundo tempo e teve chance de aumentar a contagem quando o resultado já estava 2 a 0, disse que o “sarrafo do Palmeiras” está sempre sendo colocado mais para cima. Marcos Rocha destacou que esse grupo se motiva em ganhar campeonatos e bater recordes. É isso. É dessa maneira que Abel Ferreira motiva seus jogadores, os que estão no grupo há anos e os que desembarcam com as chuteiras na mala. O Palmeiras é um time que se renova aos poucos, e somente quando precisa. Raphael Veiga já marcou 12 gols em finais. Foi dele o primeiro neste domingo contra o Santos, de pênalti.

O time sabia que poderia igualar o tricampeonato da década de 1930, quando muito provavelmente nem os pais desses jogadores eram nascidos e o clube era chamado de Palestra Itália. Esse elenco não gosta de desperdiçar conquistas. Abel vai para o seu décimo título no clube em pouco mais de três anos. Ele desembarcou no Brasil sem saber o que era ganhar um torneio. Agora, está no mesmo patamar que Oswaldo Brandão, uma lenda no futebol brasileiro. O treinador português deixou para trás treinadores como Vanderlei Luxemburgo e Felipão, outras duas lendas do clube à beira do gramado.

É preciso dar ao Paulistão o peso que ele tem na temporada. Dos torneios do Palmeiras, é o de menor valor. Mesmo assim, o torcedor tem o direito de festejar e comemorar. Os Estaduais abrem o ano e o palmeirense viveu neste domingo o melhor momento da disputa. Todo o trabalho desses quatro meses era para acabar do jeito que acabou, com a taça nas mãos e a alegria no rosto. Daqui para frente, o Palmeiras terá mais dificuldades. Os concorrentes são mais fortes, tanto no Brasil quanto na América do Sul. Como disse Rony, nesta semana já tem Libertadores. Percebe o apetite desse time?

A vitória por 2 a 0 na final contra o Santos marca momentos importantes do Palmeiras, alguns já citados acima, como os dez títulos de Abel Ferreira. Mas também foi a última taça de Endrick, que vai embora no meio do ano para o Real Madrid. O garoto foi um dos principais jogadores do Paulistão 2024. Fez questão de jogar e ajudar, mesmo em condições físicas complicadas. Ele vinha com dores e em tratamento na coxa direita. “O Palmeiras mudou a minha vida e devo tudo isso a ele. Quero que as crianças olhem para mim e se inspirem. É importante saber que ajudei o Palmeiras”, disse o menino de 17 anos.

Endrick teve muita ajuda. O lado direito é excepcional, com Marcos Rocha e Mayke. O meio de campo sabe jogar e agora está mais marcador, mas com qualidade para sair para o jogo. Aníbal Moreno marcou o segundo gol da conquista no Allianz. Quer mais prova do que isso? Os números comprovam a campanha com mais pontos, saldo de gols, vitórias… Flaco López foi o artilheiro do campeonato, com dez gols. O lado esquerdo com Piquerez é invejado. O torcedor sabe que o Palmeiras deixou de fazer algumas boas apresentações, mas sabe também que o elenco nunca desistiu. Abel nunca baixou a guarda. Nem os jogadores.

Então, seria injusto tratar de apenas uns e não de outras. Repetindo o treinador, todos no elenco estão preparados para jogar e ajudar. Raphael Veiga disse que “é preciso entender que todos no grupo têm a sua importância”. No caso desse Palmeiras, não se trata de um discurso apenas. Os atletas sentem isso, de fato. Abel sente isso. Os dirigentes sentem isso. Por fim, é preciso saber que tudo funciona no campo porque tem muitos profissionais trabalhando fora dele para que o futebol aconteça.