O Corinthians vive dias sombrios. Dentro e fora de campo. Na noite desta terça-feira, em Buenos Aires, o clube conseguiu a proeza de perder para os reservas do Huracán e, assim, escrever mais um capítulo na sua já vasta galeria de fracassos internacionais. Derrota por 1 a 0 e eliminação precoce, melancólica, mas justa, da Copa Sul-Americana.
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Difícil dizer o que é mais grave: a crise que explode fora das quatro linhas ou o vexame que se repete dentro delas. Em menos de 24 horas, o clube viu seu presidente, Augusto Melo, ser derrubado por impeachment, em meio a uma guerra interna que só expõe o tamanho da desordem institucional que tomou conta do Parque São Jorge. E como se o caos nos bastidores não bastasse, o time tratou de carimbar essa tragédia administrativa com mais uma atuação vergonhosa.

O Corinthians apostava alto nesta partida. Poupou titulares no Brasileirão e trouxe de volta às pressas Memphis Depay e Garro, mesmo ainda longe das melhores condições físicas. Tudo para quê? Para ser dominado e derrotado por um adversário que claramente estava mais preocupado com o jogo do fim de semana no Campeonato Argentino do que com esse compromisso continental.
Roteiro do fracasso
E o roteiro do fracasso seguiu o manual que esse time parece decorar com perfeição. Mais uma vez, tomou gol antes do primeiro minuto do segundo tempo. Um erro tão recorrente que já deixou de ser acaso. É desatenção e falta de preparo. Uma desconexão completa. É um time que não aprende, não corrige e não reage.
O mais cruel é que nem a vitória o Corinthians precisava. Bastava empatar. O empate entre América de Cali e Racing-URU abriu essa porta escancarada. E nem assim. Nem com toda a benevolência do destino, o Corinthians foi capaz de atravessar.
A verdade é que essa eliminação não se construiu hoje. Ela foi pavimentada ao longo de toda uma campanha medíocre, com tropeços inaceitáveis, muitos deles dentro da própria Neo Química Arena. Em nenhum momento esse time se mostrou merecedor da classificação. Se ela viesse, seria uma distorção. Um prêmio à incompetência, ao desgoverno e ao desalinho de um clube que anda à deriva.
Time que não funciona
O Corinthians de hoje é exatamente isso: um reflexo do que se vê em campo e no clube. Um time que não funciona. Um elenco que não responde. Uma diretoria que implode. E uma instituição inteira que parece se especializar em transformar temporadas em escombros.
Esperávamos mais para essa partida, trabalhamos para sair daqui com uma vitória e com a vaga. Mas, pela terceira vez, tomamos mais um gol na volta do intervalo, o que interferiu demais na partida. Temos obrigação e compromisso de crescer. O sentimento ruim é de todos nós, não só da torcida.
DORIVAL
O apito final não decretou apenas uma eliminação. Decretou um fracasso. E deixou claro que, se não mudar tudo — do gramado às salas do clube —, o Corinthians está fadado a repetir esse roteiro. De novo. E de novo. O desânimo de Dorival Júnior na coletiva pós-jogo diz muito sobre esse momento. Abatido, ele admitiu que esperava mais da equipe e que a eliminação é um golpe inesperado no seu projeto de reconstrução de um Corinthians forte e competitivo.