O balanço de 2024 dos 20 principais clubes do futebol brasileiro aciona um sinal de alerta preocupante sobre os gastos de cada um deles. Os números são surpreendentes. Em mais uma temporada, de acordo com o levantamento da assessoria de negócios e marketing Sports Value, baseado nas finanças oficiais dos próprios clubes, as dívidas saltaram para R$ 12 bilhões, um crescimento de 22% em relação ao período anterior. Isso quer dizer que os clubes continuam gastando e não pagando.
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O Corinthians é o campeão nesse quesito. O presidente Augusto Melo informou que o clube deve no mercado R$ 1,9 bilhão, sem contar as pendências do seu estádio em Itaquera. É o pior número do futebol brasileiro. Ninguém deve tanto quanto o time do Parque São Jorge. O Atlético-MG é quem mais se aproxima, com dívida de R$ 1,4 bilhão, justificável pela construção de sua arena.
Vale ressaltar que o Galo teve um aumento de apenas 3% do que devia em 2023 – apenas o Bragantino apresentou porcentagem menor, de 2%. No caso do Corinthians, sua dívida cresceu 18%.
O São Paulo também chegou perto de ultrapassar a barreira do bilhão de reais, com suas contas não pagas chegando a R$ 852 milhões. Contas não pagas é dívida. O presidente Julio Casares se assustou a ponto de criar um plano para parar o sangramento financeiro do Tricolor.
O time reduziu seus investimentos, diminuiu a folha de pagamento, vendeu jogadores a preço de banana, não renovou contratos de alguns e foi buscar uma parceira no mercado para captar recursos. O ano do ponto de vista financeiro não será fácil, como já não está sendo. O clube está prestes a anunciar os primeiros resultados dessa iniciativa.
Dívidas menores, acreditem
Palmeiras e Ceará nadam contra a correnteza e desafiam aqueles que não conseguem achar o caminho de suas finanças. Leila Pereira, presidente do Palmeiras, apresentou um balanço cuja dívida foi reduzida em 12%. O Ceará fez o mesmo, com redução de 4%. Ou seja: seus dirigentes destinaram parte das receitas para pagar despesas do passado. Isso é ótimo e pouco comum.
Houve um aumento expressivo dos custos, especialmente de salários dos jogadores. Para financiar isso, os clubes foram aos bancos e aumentaram despesas com juros. E isso impactou em mais débitos.
AMIR SOMOGGI
A questão no futebol brasileiro é gastar mais do que arrecada, mesmo em condições de melhorar a arrecadação anualmente, como fez boa parte dos clubes analisados. De modo que as receitas de 2024 tiveram um crescimento recorde, totalizando R$ 10,9 bilhões, uma alta de 22% comparada ao ano anterior.
O Palmeiras saltou de R$ 908 milhões para R$ 1,2 bi, um salto de 40%. Isso se deve, principalmente, à venda de jogadores, como Endrick e Estêvão, e pelo repasse dos direitos de transmissão de TV. O Vitória registrou uma receita de R$ 186 milhões, valor considerado pequeno perto dos grandes clubes, mas um aumento de 157% em relação à receita do ano passado. Portanto, o Vitória fez a sua lição de casa, melhorou sua gestão e viu o resultado disso na conta bancária.
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Apenas um dos 20 clubes analisados não conseguiu aumentar sua receita em 2024: o Flamengo, mas foi por uma margem de 3% apenas. O Rubronegro continua sendo o dono da maior arrecadação do futebol brasileiro, com R$ 1,3 bilhão.
Mais dinheiro e mais contas
Se os clubes arrecadam mais, eles também gastam mais. Isso é ruim e um problema. Os custos com o futebol foi de R$ 8,7 bilhões, uma alta de 26% no ano. Isso se deve, como explicou, Amir, aos altos salários dos jogadores. Por exemplo, o São Paulo contratou Oscar por R$ 3 milhões, o mesmo valor pago pelo Corinthians a Memphis Depay.
