Durante anos, o príncipe do Catar, Nasser Al-Ghanin Khelaifi, dono do Paris Saint-Germain, acreditou que dinheiro e prestígio seriam suficientes para transformar um sonho em realidade. Primeiramente, imaginou que bastava abrir o cofre sem limites, que as cifras astronômicas seriam capazes de seduzir os deuses da bola e escrever seu nome no trono da Liga dos Campeões.

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Ele tentou. Tentou com todas as forças. Quis fazer valer o peso econômico de um império árabe no altar do futebol europeu. Montou seleções, não times. Em 2021, idealizou o time dos sonhos. Contratou Messi e Neymar e manteve Mbappé achando que poderia reproduzir em Paris o que um dia fora magia em Barcelona. Vieram outros craques, promessas e fortunas. Mas não veio a glória. Porque os atalhos que o dinheiro oferece a história nem sempre aceita.

PSG muda sua própria história e ganha a primeira Champions League de sua vida diante da Inter de Milão: 5 a 0 / PSG

Os deuses do futebol, caprichosos e implacáveis, não se curvam a cifras. Eles exigem mais — uma dose de resiliência, dor, tropeços e amadurecimento. Também exigem tempo.

E foi com tempo, com quedas e recomeços, que o PSG finalmente aprendeu. O sonho que parecia uma obsessão sem alma precisou virar projeto, planejamento, paciência. Nesse processo há outro nome que precisa ser enaltecido: Luis Enrique. De modo que o técnico espanhol, herdeiro do futebol vistoso, envolvente e vencedor que encantou o mundo com o Barcelona, foi quem conseguiu dar sentido ao quebra-cabeça parisiense.

PSG deu aula em Munique

Ele montou uma equipe equilibrada, que soube harmonizar gerações. De um lado, a experiência de Donnarumma, Hakimi, Dembélé e Marquinhos. Do outro, o brilho das novas joias: Doué, Vitinha, João Neves e o espetacular georgiano Kvaratskhelia. Um time que joga com posse, com estética, mas também com intensidade e maturidade. O mérito é dele — que conseguiu transformar uma equipe antes refém das estrelas em uma verdadeira constelação coletiva.

Na tarde deste sábado, na Allianz Arena de Munique, o milagre se fez. E não foi obra do acaso. Os 90 minutos do duelo com a Inter de Milão foram o retrato perfeito dessa nova versão do Paris. Primeiramente, foi um time que não se desespera, que sabe o que faz, que entende que a glória chega para quem sabe esperar… e atacar na hora certa.

2 a 0 com 20 minutos

Com 20 minutos, o placar já dizia tudo: 2 a 0. Gols de Hakimi e do jovem Doué. Nem o mais romântico roteirista francês ousaria sonhar com uma cena assim. A Inter, tricampeã da Champions e seis vezes dona da Liga Europa, parecia não acreditar no que via.

Sob o comando de Marquinhos, jogadores do PSG festejam um dos gols do time na final da Liga dos Campeões / PSG

Os números escancararam a superioridade parisiense no primeiro tempo: 61% de posse de bola, 13 finalizações contra apenas duas da Inter, 407 passes trocados com impressionantes 91% de precisão — contra 161 passes dos italianos, com 82% de acerto. Um domínio que não deixou margem para dúvidas e abriu caminho para o massacre da etapa final.

De modo que o segundo tempo só confirmou aquilo que já parecia escrito. O terceiro gol foi uma pintura. Uma combinação de beleza e precisão. Tudo começou com um passe de calcanhar, sem olhar, de Dembélé — um gesto tão ousado quanto natural para quem entende o jogo em outra frequência. Na sequência, Vitinha arrancou da intermediária, carregou com elegância e esperou o momento exato para acionar Doué. E o jovem, que parecia alheio ao peso de uma final, finalizou com frieza: rasteiro, no canto, sem chance para Sommer.

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Mas ainda havia tempo para mais. Para transformar a vitória em espetáculo. Para transformar a final em ópera. O quarto gol veio dos pés de Kvaratskhelia. O craque georgiano, dono de um talento raro, recebeu na entrada da área, limpou a marcação com um corte seco e bateu cruzado, preciso, no canto. Indefensável. A consagração de um jogador que simboliza o presente e o futuro desse Paris, que, enfim, encontrou sua identidade. E cabia mais. Aos 41, Mayulu fechou a conta com o quinto gol.

5 a 0. Um baile. Uma aula. Uma ópera

Portanto, foi uma vitória para não deixar mais nenhuma dúvida: o PSG chegou ao Olimpo. O príncipe árabe já pode, enfim, dormir em paz. Seu sonho está realizado. O PSG descobriu, enfim, que um título de Champions não se compra. Se conquista.

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