Um texto de Paulo Vinícius Coelho, o PVC
O candidato único à presidência da CBF ainda não é o presidente da CBF. Diferentemente do que afirmou em entrevistas neste fim de semana, ele só será depois de eleito e, mesmo como candidato único, pode ser flagrado em situações desconfortáveis até o pleito. Não se esqueça de que Ednaldo Rodrigues seria o presidente até 2030, eleito em março de 2025. No Brasil, até o passado é incerto. O próximo fim de semana, então…
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Suas entrevistas variaram entre sua incapacidade de descrever algum projeto de fair play financeiro e sua sagacidade para dizer que não conhece o ministro Gilmar Mendes, do STF. Ninguém perguntou se voou no mesmo avião de Francisco Mendes, filho do ministro, para assistir à final da Copa Verde.

Nem o que fazia atrás do gol do Morumbi, no dia 11 de agosto do ano passado, durante a partida São Paulo 1 x 0 Atlético Goianiense. Por que razão a CBF decidiu colocá-lo atrás do gol para assistir ao jogo?
Ponto a ponto da história de Samir
Há mais mistérios nas eleições da CBF do que supõe nossa vã filosofia. Ou menos… A história é inteira, repleta de dados, que podem ser unidos numa única narrativa, sem fazer nenhum juízo de valor.
1 – Flávio Zveiter era diretor da Codajás, intermediária dos contratos da Libra (Liga Brasileira), quando chegou à posição de Diretor de Novos Negócios da CBF. Seis meses depois, sem aval de Ednaldo Rodrigues, pediu demissão em setembro de 2023. Em dezembro do mesmo ano, um dia após o fim do Brasileirão, o TJ-RJ, de ligações conhecidas com a família Zveiter, destituiu Ednaldo Rodrigues.
2 – Em janeiro de 2024, o ministro Gilmar Mendes, sócio do Instituto de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), que firmou parceria com a CBF Academy em agosto de 2023, concedeu liminar devolvendo Ednaldo à presidência. A liminar foi para votação do mérito oito vezes. Em sete delas, o ministro interrompeu a votação, com diferentes argumentos. Na oitava vez, o ministro Flávio Dino pediu vistas do processo, que estava no STF havia dez meses. O secretário geral da CBF, Alcino Rocha, foi indicado pelo PC do B, mesmo partido pelo qual Dino foi eleito governador do Maranhão.
3 – Gilmar Mendes assinou a homologação do acordo para interromper processo contra Ednaldo Rodrigues, em fevereiro de 2025. No mês seguinte, evidenciou-se uma assinatura falsa de um dos contendores, o ex-vice-presidente da CBF, Antônio Carlos Nunes.
4 – Gilmar Mendes argumentou que não havia essa documentação na data da homologação e devolveu o processo ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Uma semana depois, o TJ determinou o afastamento de Ednaldo Rodrigues. Três dias mais tarde, a chapa de Samir Xaud, amigo de Francisco Mendes, do IDP, foi registrada como única em nova eleição da CBF. Um dos vice-presidentes será Flávio Zveiter.
CBF nos tribunais
As informações soltas passam despercebidas pela maior parte dos leitores de sites e jornais. Mas estão disponíveis o tempo inteiro para consulta. As decisões da CBF nunca passaram tanto pelos tribunais. E nunca tantas vezes pelos corredores de Brasília.

Enquanto isso, o futebol brasileiro chega numa fronteira jamais vista. Os clubes arrecadam como nunca antes, técnicos europeus trabalham aqui e elogiam o nível técnico de nossas competições, enquanto a seleção sucumbe numa gestão temerária, com cinco técnicos em trinta meses pela primeira vez em 111 anos de CBD/CBF.
Empresários de jogadores, detentores de contratos de Bets, governadores de Estado, senadores, todos gastaram telefonemas durante o fim de semana para interferir a favor de Samir Xaud.
Os argumentos a favor do presidente eleito como candidato único à Federação de Roraima são a juventude (41 anos) e a capacidade de indicar a primeira mulher a uma vice-presidência da CBF. Fernando Collor de Mello, o mais jovem presidente da República deste país, foi quem primeiro nomeou uma mulher Ministra da Economia.
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Foi deposto em 1992 por corrupção e preso no mês passado pelo mesmo motivo. Na época em que Collor se lançava à presidência da República, em 1988, o presidente anterior era Sarney, o Congresso se debruçava para o Centrão, discutia-se Chico Mendes e a novela da Rede Globo era Vale Tudo. Qualquer coincidência é mera semelhança.
Futebol deveria ser republicano
O problema é que, naquele tempo, o amadorismo existia aqui e na Europa. Hoje, o futebol avança num nível de profissionalismo que impede qualquer nível de desenvolvimento sem cuidado com as regras básicas de convivência e administração.
Ou o Brasil entra no primeiro mundo da bola já ou nunca mais vai deixar de disputar com Venezuela e Paraguai. A vocação deste país do futebol é figurar na mesma estante de ingleses, espanhóis, alemães e franceses. Para isso, é necessário colocar o interesse coletivo acima das mesquinharias particulares. O futebol brasileiro não é republicano. Pertence a um grupo restrito de pessoas. Não pode continuar assim.