Foi uma partida desastrosa do Corinthians. A derrota de 2 a 1 para o Mirassol é consequência de uma série de erros que se repete sistematicamente há tempos no clube. Entra técnico, sai técnico, e o Corinthians segue com enormes dificuldades para sair jogando, dando muitos espaços para os adversários na marcação e acreditando em jogadores que já provaram não ter a menor condição de vestir a camisa alvinegra.

É preciso que alguém tenha coragem para fazer uma limpeza no elenco sem paternalismo.
Nesse festival de debilidades, nem Dorival Júnior escapa da culpa pelo resultado deste sábado. Basicamente porque, como seus antecessores, ele se perdeu em escolhas equivocadas na escalação inicial e, pior ainda, meteu os pés pelas mãos nas alterações. Definitivamente, o Corinthians não tem elenco que permita ao treinador fazer rodízio de jogadores.

Corinthians joga mal contra o Mirassol, perde por 2 a 1 e escancara um time ainda cheio de problemas / Corinthians

Os 11 titulares até formam uma boa equipe. Mas quando eles não estão juntos, as deficiências técnicas gritam e invariavelmente contribuem para fracassos como o da noite deste sábado, na abertura da oitava rodada do Brasileirão.

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Visto assim o resultado é produto de uma pane coletiva. Mas o torcedor pode escolher, individualmente, o seu vilão preferido para culpá-lo pela derrota. Candidatos não faltam. Félix Torres, Cacá, Angileri, Maycon, Bidon… todos muito abaixo do esperado. Mas hoje precisamos falar de Memphis Depay. Desta vez, não com os habituais elogios. O resultado em Mirassol tem muito a ver com uma atuação fora da curva — para baixo — do craque holandês.

Memphis pisou na bola

Memphis tem talento de sobra, currículo de elite e a idolatria justificada da torcida do Corinthians. Desde que chegou ao clube tem sido decisivo, respeitado até pelos adversários e tratado como estrela. Mas nesta noite, ao desperdiçar um pênalti com uma cavadinha displicente, Memphis experimentou a face mais dura do futebol: a do herói que, num instante, vira vilão.

Aos 35 minutos do primeiro tempo, em uma partida travada, o camisa 10 — batedor oficial de pênaltis do time — teve a chance de abrir o placar. Escolheu o caminho mais arriscado: a cavadinha. Aquela cobrança provocativa, vaidosa, que depende não só de precisão, mas de leitura fria do jogo. Memphis bateu com estilo, sim. Mas também com excesso de confiança. Valter ameaçou cair para o canto direito, mas teve tempo de se recompor e defender a bola sem esforço.

Memphis Depay: em Mirassol, atacante apostou na cavadinha em um pênalti e virou vilão do Corinthians / Corinthians

O lance foi crucial para o andamento do jogo, ainda que o Corinthians tenha compensado o prejuízo com um gol nos acréscimos do primeiro tempo, num escanteio batido pelo próprio Memphis e completado por uma cabeçada fulminante do zagueiro Cacá.

Multa para Memphis?

Bater um pênalti desse jeito é um risco que poucos podem correr. E Memphis, com todo o seu talento, parece ter confundido coragem com soberba. No Corinthians, ninguém está acima do que o clube representa. E se você é o cobrador oficial de pênaltis — como ele é —, tem a obrigação de tratar esse fundamento com seriedade. É treino, repetição, concentração. Não há espaço para firulas.

Memphis tem em contrato cláusulas de bonificação por gol marcado. E não são bônus simbólicos — são cifras generosas. A pergunta que fica é: e quando o erro custa caro? Quando a escolha errada prejudica o time e frustra a torcida? Não seria o caso de uma multa, ao menos simbólica? É só uma provocação, mas talvez faça sentido.

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A memória do corintiano ainda carrega cicatrizes: em outubro de 2013, Alexandre Pato tentou a mesma cobrança nas quartas de final da Copa do Brasil contra o Grêmio e foi engolido pela própria ousadia. Bateu sem força, no meio do gol, e Dida encaixou a bola como se ela tivesse sido recuada por um garoto do sub-12.

Pato nunca mais se reergueu no clube. Diz a lenda que chegou a apanhar dos companheiros no vestiário. A diferença é que Memphis chegou com mais futebol, mais currículo, mais atitude. Memphis ainda tem crédito. Mas se não entender onde está, e o que essa camisa exige, pode acabar do mesmo jeito: saindo pelas portas dos fundos, sem direito a aplausos.

A simbologia do jogo é cruel e precisa: Memphis foi substituído aos 19 minutos do segundo tempo, vaiado, dando lugar a Yuri Alberto. No lance seguinte, o castigo: o Mirassol marcou o segundo gol. Uma punição imediata — e, para muitos, merecida. Não foi a primeira derrota assim. E se Dorival não tiver autoridade para fazer as mexidas necessárias no time, outras certamente virão. Hoje, ficou mais do que claro que nem sempre Memphis estará no seu dia de herói e salvador da Pátria.

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