A ideia de lançar Cleber Xavier como treinador é bastante ousada no Santos, principalmente em meio a essa maluquice no futebol brasileiro de demitir treinadores a cada rodada do Brasileirão. O Santos toma sua decisão no mesmo dia em que o CT Rei Pelé é invadido por torcedores descontentes com o time, com os jogadores, como a falta de comando em campo e com o presidente. É uma revolta contra tudo e todos.
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É preciso entender melhor esse passo do Santos. Primeiramente, o clube contrata um treinador mais barato, até por ser o seu primeiro trabalho à beira do gramado. Cleber Xavier nunca foi técnico. Ele esteve nos últimos 24 anos na cola de Tite, como seu auxiliar. Portanto, viveu o futebol de perto, em grandes clubes, grandes torcidas e também na seleção brasileira em duas Copa do Mundo.

Desse ponto de vista, então, Cleber é mais bem preparado do que a maioria dos treinadores brasileiros. A Europa trabalha dessa forma, como foi Joachim Low, da Alemanha, e mais recentemente Hansi Flick, do Barcelona.
Na cola de Tite
Mas ser técnico não é a mesma coisa do que ser auxiliar-técnico. O auxiliar não toma decisões diante do elenco, não se indispõe com nenhum atleta nem coloca a cara à tapa quando as coisas não dão certo. A torcida vai gritar o seu nome agora.
Tite fazia questão de levar Cleber para as entrevistas. Ele falava com os jornalistas vez ou outra. Também desse ponto de vista, o novo treinador do Santos não é um paraquedista. Ele mais ouviu do que falou e isso, convenhamos, é muito bom. Cleber traz a mesma comissão técnica com quem trabalhou na seleção, como Matheus Bacchi, filho de Tite e agora seu segundo, e Fábio Mahseredjian, na função de preparador físico. César Sampaio já estava na Vila Belmiro e também foi do time de Tite nas Copas. Tudo isso é positivo.
O que fazer com o amigo Neymar?
O que o santista quer saber é o prático: como Cleber Xavier vai ser com os jogadores, como vai mexer no time, quem vai sobrar no banco, o que vai fazer com Neymar, com quem também trabalhou na seleção nos últimos seis anos de Tite no comando? Há muitas perguntas ainda sem respostas. É preciso dar tempo a ele. E podem esperar um Santos muito mais forte defensivamente, sem sofrer tantos gols.

Cleber era o auxiliar ‘bonzinho’ de Tite, aquele que tentava contornar os problemas e colocava panos quentes nas situações pesadas. Agora é ele que decidirá tudo. Não terá muitos amigos, será olhado com desconfiança e estará submetido a duas avaliações básicas no futebol: no vestiário e nas arquibancadas. Isso sem contar a eterna avaliação dos dirigentes esportivos.
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Cleber, aos 61 anos, um jovem, portanto, terá de se livrar rapidamente da sua roupa de auxiliar-técnico e colocar o apito na boca para comandar o Santos, afundado na zona de rebaixamento do Brasileirão. Terá de dar jeito neste problema de imediato. Isso não quer dizer que o novo treinador chegue chutando latas, atirando chinelos e se impondo com o peso do cargo. Ele não é disso.
Ganhar o elenco, impor algumas condutas e valorizar o time penso ser o caminho correto. O que fazer com Neymar será um trabalho paralelo. Mas é certo que o Santos não pode esperar pelo jogador para resolver seus problemas. The Football apurou que Cleber Xavier vai falar disso também. Ele confia muito no jogador, conhece o seu corpo, mas pretende montar um time sem o jogador até que ele se recupere das contusões.