O Corinthians vive dias em que o futebol parece quase um detalhe. Mas só parece. Enquanto o clube mergulha num escândalo de bastidores que ameaça não só sua direção, mas sua própria estabilidade institucional — com um presidente indiciado, alvo de denúncias e ameaçado de impeachment já na segunda-feira —, o time tenta, no gramado, construir uma célula onde ainda haja espaço para futebol, e não só para crise.
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É inegável que este seja um grande desafio. Como manter o elenco de jogadores profissionais focados no resultado, blindados do mar de lama que toma as alamedas do Parque São Jorge?

Na noite deste sábado, na Arena MRV, esse esforço se materializou num empate sem gols contra o Atlético-MG. Um resultado que merece ser comemorado, dada as circunstâncias. Até porque, além de tudo, o técnico Dorival Júnior fez uma clara opção de priorizar o jogo da próxima terça-feira, contra o Huracán, pela Sul-Americana e mandou a campo um time bastante remendado, sem seus principais atletas.
Bom primeiro tempo
E que ninguém se engane pelo placar zerado: não foi um jogo morno. Pelo contrário. Corinthians e Galo fizeram um duelo vibrante, cheio de chances, intensidade e suor. No primeiro tempo, o Corinthians até surpreendeu. Mesmo recheado de reservas, o time foi melhor em boa parte dos 45 minutos. Teve posse, teve chegada e teve coragem. Teve, também, uma chance cristalina nos pés de Talles Magno, que, cara a cara com o goleiro Everson, desperdiçou o gol que poderia mudar o rumo da partida.
O Atlético respondeu na mesma moeda. E só não abriu o placar porque esbarrou numa defesa monumental de Hugo Souza, uma daquelas defesas que param no tempo, de puro reflexo, para evitar o pior. Rony ganhou a dividida com Cacá, ficou de frente para o gol e chutou de pé direito, no canto. Mas Hugo se esticou todo para fazer um milagre. Naquela altura, um gol do Atlético seria uma tremenda injustiça.
Na segunda etapa, Cuca mudou a cara do seu time. Subiu as linhas e a equipe ficou mais com a bola. O Corinthians recuou, confiou no seu meio-campo bem mais povoado de volantes e apostou na disciplina tática para segurar o empate. Deu certo.
Quatro jogos sem sofrer gols
Mérito de Dorival Júnior, que começa a dar cara ao time. Se ainda não se vê uma equipe agressiva, que cria chances de gol a todo tempo, lá atrás as deficiências parecem que estão sendo sanadas aos poucos. A defesa, antes vulnerável, agora parece mais equilibrada e confiável. Já são quatro jogos seguidos sem sofrer gols. E em sete partidas sob o comando de Dorival, apenas uma derrota.
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A batalha deste sábado ficou para trás com uma boa lição. É possível, ainda que difícil, jogar futebol enquanto o clube tenta não desabar. A missão de terça, contra o Huracán, na Argentina, é mais difícil, pois é decisiva. Vale a classificação para a repescagem da Sul-Americana contra algum time que vier da Libertadores. Mas, mais do que isso, vale a tentativa de provar que, apesar do caos, o futebol ainda resiste.
Lesão de Yuri Alberto
Se o empate foi bom, uma imagem no apito final deixa o torcedor com o coração apertado. O artilheiro Yuri Alberto deixou o gramado carregado, amparado por dois companheiros, reclamando de dores na perna direita. No meio de tanto problema, só faltava essa: perder justamente o seu principal atacante na véspera de uma decisão. A lesão de Yuri só confirma a tese de que o corintiano vive numa montanha russa de emoções, sem um dia de calmaria e paz.