Em sua primeira entrevista como novo técnico do Corinthians, Dorival Júnior prometeu fazer um time mais equilibrado no balanço defesa/ataque e um conjunto mais compacto nos setores de defesa, meio-campo e ataque. Como não pode fazer milagre, pouca coisa disso apareceu em seu jogo de estreia, na noite desta quinta-feira, em Novo Horizonte.
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Mas o que importa, especialmente para a torcida, é que o Timão conseguiu uma vitória difícil e importante contra o Novorizontino, por 1 a 0, com gol de Héctor Hernández, na primeira perna do mata-mata da terceira fase da Copa do Brasil.
O resultado permite que o Corinthians jogue a partida de volta em casa precisando apenas de um empate para avançar na competição, que é o caminho mais curto para a conquista de um título sob o novo comando.
Com apenas dois dias de trabalho no novo clube, Dorival teve o mérito de não inventar soluções mirabolantes para deixar sua assinatura já no primeiro jogo. Conhecendo as limitações técnicas e deficiências táticas da equipe ao tempo de Ramón Díaz, o treinador optou como prioridade reforçar o sistema de marcação e proteção à zaga, que andava mesmo muito exposta ao erro.
Todos os volantes entraram
Então, se não se viu uma dinâmica mais equilibrada entre ataque e defesa – o time praticamente só deu um chute a gol em 90 minutos – pelo menos o jogo deixou uma clara mensagem de que o técnico atuou no sentido de dar mais consistência do meio para trás. Isso explica, inclusive, a escalação inicial, com quatro volantes no meio-campo.
O desenho tático, que por vezes lembrava o losango adotado pela família Díaz, na verdade tinha mais referências no sistema que o Corinthians usava no tempo de Tite – um 4-1-4-1, com Maycon fazendo o primeiro volante e Charles, Alex Santana, Bidon e Talles Magno fechando a segunda linha de quatro, deixando o espanhol Hernández na frente isolado, o único com menos obrigações defensivas.
Para ajudar no êxito do que fora planejado, o Corinthians deu sorte de fazer um gol muito cedo. Aos 13 minutos, numa das inversões de posições entre os atacantes, Talles Magno projetou-se pelo setor direito, cruzou na pequena área e Hernández aproveitou-se de um vacilo do goleiro para empurrar a bola para as redes.
Jogo atrás da linha da bola
Com a vantagem no placar, Dorival tratou de fortalecer ainda mais sua proposta de jogo reativo, e praticamente estacionou o time no seu campo de defesa. Em mais de 70% do tempo de bola rolando, o Timão manteve-se com os 11 jogadores abaixo da linha divisória do gramado, oferecendo campo para o adversário, que, no entanto, não achou opções para assustar o goleiro Hugo.
Com isso, o que poderia parecer um recuo de um time sem confiança passou a ser uma situação de controle da partida. Se não tinha grandes investidas para o ataque, o Corinthians também não sofria pressão dos donos da casa.
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Até porque não lhes dava os espaços que apareciam habitualmente no passado recente desse time mal posicionado. Detalhe: contando as substituições do segundo tempo, Dorival mandou a campo os sete volantes disponíveis no elenco, o que é autoexplicativo.
Sem Depay e Garro
Pode ser ainda muito pouco, mas essa vitória apertada já deixa algumas evidências do trabalho que Dorival pretende realizar à frente do Corinthians.
Com todos os titulares à mão (Depay e Garro não jogaram), com mais conhecimento do elenco, com mais tempo para impor suas convicções, tudo leva a crer que o Corinthians tem muito a ganhar com a troca de treinador. Pelo menos uma certeza já se pode perceber: os jogadores parecem dispostos a correr mais pelo técnico atual do que o faziam anteriormente.
