PSG X Inter de Milão. A inesperada e improvável final da Champions League da temporada 2024/2025 marca uma das mais sensacionais edições do torneio mais famoso do mundo do futebol. Os quatro jogos dos dois confrontos semifinais (PSG x Arsenal, Inter x Barcelona) resumem toda a grandeza e nobreza da competição.

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Para além do encantamento, essas partidas decisivas valem como um ponto de reflexão para o futebol brasileiro. É preciso olhar para a Champions e admitir que, comparando o futebol que se joga lá e o que se pratica aqui, nem parece o mesmo esporte. A diferença vai muito além de uma questão de talento ou geração. Trata-se de um desnível profundo, construído por fatores estruturais, econômicos, metodológicos e culturais.

PSG elimina o Arsenal com vitória por 2 a 1 em Paris: time do técnico Luis Enrique chega à final da Champions / PSG

Enquanto os europeus evoluíram em todos os aspectos do jogo, o Brasil se acomodou em um modelo ultrapassado, refém do improviso, do medo e da falta de visão estratégica. O futebol brasileiro continua formando bons jogadores, mas isso já não basta. O modelo como um todo — tático, físico, institucional e mental — ficou para trás.

Futebol brasileiro parou no tempo

Enquanto a Europa avança com método, profissionalismo e ambição, o Brasil insiste em preservar práticas ultrapassadas, como se o passado glorioso fosse justificativa eterna para a falta de modernização. O abismo é real — e continuará aumentando se não houver coragem para romper com o velho e reconstruir o futebol brasileiro com visão, estrutura e ambição.

A seguir, listamos 10 razões que ajudam a entender por que o futebol brasileiro ficou para trás. Você certamente deve ver outros motivos. Compartilhe sua opinião com o The Football.

1. Incapacidade de reter talentos e criar um ambiente competitivo interno

O Brasil ainda revela craques, mas não consegue mantê-los. Vendidos cada vez mais cedo, os jovens talentos deixam o país antes de consolidar uma identidade dentro do futebol local. Isso esvazia os campeonatos, fragiliza os clubes e impede o fortalecimento da liga nacional como produto competitivo.

2. O fator econômico: mais dinheiro, mais estrutura, mais qualidade

Com orçamentos muito maiores, os clubes europeus investem em infraestrutura, ciência do esporte, departamentos de análise, marketing e desenvolvimento de atletas. No Brasil, grande parte dos clubes vive no vermelho, sobrevive de vendas emergenciais e não consegue estruturar projetos de longo prazo. O dinheiro dita o jogo — e ele está do lado de lá.

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Lautaro joga machucado e conduz a Inter de Milão diante do Barcelona com gols e fibra: está na final da Champions / Inter

3. A cultura do improviso e da aversão ao método

O futebol brasileiro ainda se apoia na ideia romântica do improviso e da genialidade espontânea. Lá fora, o talento existe, mas é lapidado com método, disciplina e contexto coletivo. Aqui, o que deveria ser diferencial virou desculpa para a ausência de organização.

4. Ritmo de jogo e intensidade

O ritmo do jogo na Europa é outro. Os atletas correm mais, com mais intensidade e por mais tempo. Pressionam, sustentam transições rápidas e marcam alto. No Brasil, a queda física é visível, a intensidade é baixa, e a preparação muitas vezes não acompanha os padrões modernos de exigência física. Há uma lentidão excessiva na troca de passes e uma obsessão por fazer a bola rodar de um lado para o outro do campo da intermediária para trás.

5. Modelo de jogo baseado no medo de perder

Enquanto os europeus jogam para vencer — em casa ou fora —, no Brasil domina o receio. A estratégia muitas vezes é não se expor, segurar o empate, evitar riscos. Isso gera um futebol reativo, conservador e pouco criativo. Jogar bem se tornou menos importante do que “não perder”.

6. Treinadores resistentes à modernização

Muitos técnicos brasileiros ainda resistem ao estudo, à troca de ideias e à inovação. São prisioneiros de convicções antigas e pouco abertos a novas tendências. Os que tentam romper esse ciclo enfrentam desconfiança e pressões. Já na Europa, os treinadores estudam, se reciclam, lideram revoluções táticas e formam escolas.

7. Calendário destrutivo e inimigo do treino

O número de jogos no Brasil é insano. Clubes atuam três vezes por semana, sem tempo para treinar, corrigir ou evoluir. A prioridade é recuperar o elenco fisicamente. Enquanto isso, os europeus têm semanas livres para treinar, planejar e implementar ideias de jogo com profundidade.

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8. Exportação desenfreada e dependência de vendas

Os clubes brasileiros tornaram-se dependentes da venda de jogadores para equilibrar as finanças. Isso criou um modelo de negócio que gira em torno da vitrine, e não do desempenho esportivo. O foco virou vender bem, não competir melhor. A base já forma seus melhores talentos de olho no mercado internacional.

9. Gestão amadora e politizada dos clubes

Grande parte dos clubes e entidades como federações estaduais e CBF ainda é gerida como feudo político ou patrimônio pessoal. Falta profissionalismo, planejamento e responsabilidade de longo prazo. Na Europa, os clubes são empresas com metas, resultados e governança. Aqui, ainda imperam os acordos de bastidor.

10. Mentalidade conformista e resistência à mudança

Talvez o mais profundo dos problemas: o Brasil se acostumou a perder — ou melhor, a justificar a perda. Sempre há uma desculpa: o clima, o gramado, o VAR, a arbitragem. A autocrítica foi substituída pela negação, e o resultado é a estagnação diante de um mundo que não para de evoluir.

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