Poderia ser um roteiro de cinema, obra de ficção. Mas era mais uma história da vida real, dessas que o futebol sabe produzir tão bem. A saga de um menino de 17 anos, ainda com o rosto cheio de espinhas, que entrou em campo nos minutos finais de uma partida de Libertadores para viver uma noite mágica.
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A noite em que Lucca Marques virou super-herói, com um gol aos 45 minutos do segundo tempo. Um gol, não. Um golaço, um gol de gente grande, selando o empate em 1 a 1 do São Paulo diante do Libertad.

Se para qualquer garoto recém-saído da base estrear no time profissional já é um sonho, imagine tudo isso num jogo internacional, diante de 45 mil torcedores, com TV ao vivo para todo o Brasil, seu time com dez jogadores em campo e perdendo por 1 a 0. Para Lucca, essa experiência não poderia ser mais especial. Tudo parecia tão surreal que ele quase não acreditava no que estava acontecendo.
Ainda não estou entendendo nada. Isso aqui é um sonho de criança sendo realizado. Deus preparou tudo perfeito para mim nesta noite.
LUCCA
Emocionado, admitiu que ter seu nome cantado pela torcida nas arquibancadas ajudava a compor um momento único. “Eu já estive lá como torcedor e sei como é essa emoção”.
Jogo tenso no Morumbis
O gol redentor de Lucca salvou a noite do São Paulo e dos são-paulinos. O que era para ser só um jogo de confirmação da classificação antecipada para a fase de mata-mata da Libertadores estava virando um drama até o chute redentor do garoto. Depois de um início muito bom, o São Paulo caiu numa cilada armada pelo imponderável. Aos 17 minutos, ao tentar um desarme no meio de campo, o volante Alison acertou o tornozelo de um adversário e recebeu o cartão vermelho de cara.
A expulsão inesperada alterou o cenário da partida, mesmo que o Libertad não tivesse muito disposto a buscar a vitória, pois já se contentaria com o empate fora de casa. O lance mexeu com o emocional do clube brasileiro, que demorou a se reorganizar. Era preciso administrar a inferioridade com inteligência porque, no fundo, o empate também era um bom negócio para o Tricolor, pois lhe garantia matematicamente a classificação para a sequência do torneio sul-americano preferido dos são-paulinos.
Então não havia razão para desespero. Até que veio o gol do Libertad, aos 28 minutos do segundo tempo, num lance absolutamente desnecessário. Primeiro na origem da jogada, o lateral Cedric perdeu uma bola infantilmente e foi obrigado a fazer uma falta na lateral próximo à área. Depois, na cobrança, uma desatenção no posicionamento dos zagueiros permitiu que Gustavo Aguilar subisse sozinho para desviar de cabeça a bola.

Aí bateu o pânico. Uma derrota, a primeira de Zubeldia à frente do Tricolor na Libertadores, complicava a aritmética da classificação e empurraria para a rodada final a disputa da vaga, obrigando o time a ao menos empatar com o Talleres, no Morumbi.
Fábrica de Cotia
E quando todos os fantasmas tricolores já se apoderavam dos maus pensamentos dos torcedores, veio a luz do banco de reservas. Ou melhor, da fábrica de craques de Cotia. Mais uma jóia. Lucca, corpo e cara de moleque, foi à luta sem tremer com o desafio e sem medo de ser feliz.
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Logo na primeira bola que recebeu, encarou o marcador, foi pra cima e recebeu uma falta mais dura. Levantou, ajeitou a camisa, limpou uma gota de suor e se aprumou para levar mais botinada se fosse preciso. Na terceira bola que chegou aos seus pés, invadiu a área, balançou o corpo na frente de um zagueiro, vislumbrou um espaço para o chute raso entre o goleiro e a trave direita e fez a torcida explodir de alegria e alívio. Certamente, um filme passou na sua cabeça durante toda a madrugada. Um filme de herói sem capa – apenas um menino de chuteira no pé e espinhas no rosto…