O Corinthians deveria ter vergonha de reclamar que o juiz não deu um ou dois minutos a mais de acréscimo no final da partida contra o América de Cali, na noite desta terça-feira, na Neo Química Arena, em Itaquera. Não foi tempo o que faltou para o time se impor dentro de casa. O que faltou mesmo foi futebol. Pura incompetência!
Seja um parceiro do The Football
A bem da verdade faltou um pouco mais de entrega dos jogadores no sentido de perceber a importância do jogo e de atender as demandas de uma partida de Sul-Americana. Nem de longe se viu diante do América o mesmo empenho, a mesma garra, o mesmo desejo de brigar pela vitória que a equipe apresentou contra o Inter, três dias atrás, no Brasileirão.

Tomando os dois recortes como referência não parecia se tratar da mesma equipe. Como diria a Fiel, desta vez faltou a faca nos dentes e o sangue nos olhos. Em muitos momentos apáticos e burocráticos, o Corinthians tocou a bola de lado e para trás, sem nenhuma objetividade; e, sem ela sob seu domínio, ficou assistindo, gentilmente, os visitantes passearem pelo impecável gramado da arena.
Fora da Sul-Americana
Não há como se buscar culpados além dos próprios jogadores. O empate por 1 a 1 é frustrante para a torcida. E determinante para a quase consumada eliminação precoce da equipe na Copa Sul-Americana.
Mais uma competição internacional em que o clube demonstra ter mesmo uma espécie de bloqueio emocional para jogar esse tipo de torneio. Nos três jogos em casa, o Corinthians perdeu para o Huracán, ganhou na bacia das almas do fraquíssimo Racing-URU e escapou de perder do ótimo time colombiano, que teve mais tempo de domínio de bola e as melhores chances de marcar.
Aliás, o América teve justamente o que faltou ao Corinthians: um meia criativo como o colombiano Quintero, que passeou no gramado de Itaquera sem ser incomodado por nenhum dos três volantes escalados por Dorival Júnior. O gringo aproveitou-se da liberdade e tomou conta do jogo, ora acelerando a bola no setor de ataque, ora controlando o ritmo e a cadência do jogo com passes curtos na intermediária.
Enquanto isso, o Timão passou a maior parte do tempo rifando a bola em passes longos na tentativa de que Memphis e Yuri fizessem alguma coisa com ela. Numa dessas estocadas, o craque holandês achou espaço entre as duas linhas de quatro do time colombiano e abriu o placar. Mas o que parecia ser o início de uma vitória até relativamente tranquila ruiu num lapso de tempo.
Defesa falha de novo
Mais uma vez, a defesa do Corinthians também falhou feio. Num lance de pura desatenção e falta de concentração, permitiu que o América chegasse ao gol de empate aos 40 segundos da etapa final. É isso mesmo que você leu: 40 segundos! Mal deu a saída, o América foi ao ataque, ganhou um escanteio e, na cobrança, passou aquele velho filme que a Fiel já está cansada de assistir: os zagueiros ficaram olhando a bola e deixaram o adversário livre no segundo pau para tocar para as redes.
SIGA THE FOOTBALL
Facebook
Instagram
Linkedin
Threads
Tik Tok
O gol, rápido demais, foi uma ducha de água fria. E só fez aumentar o nervosismo, a intranquilidade e as falhas de organização tática de um time que não consegue emplacar uma sequência mínima de três jogos de regularidade. Todos os fantasmas do passado voltaram a dar as caras em Itaquera. O tempo foi passando, as jogadas foram dando errado, a bola foi queimando o pé dos jogadores e deu no que deu.

A classificação para a sequência do campeonato parece improvável. Quase impossível. Com cinco pontos em quatro jogos e com os dois últimos jogos fora de casa, o Timão praticamente dá adeus a mais uma tentativa de contradizer o senso comum dos adversários, segundo o qual o time de Parque São Jorge tem acesso negado em torneios internacionais.
A frustração desta noite renova a certeza de que Dorival ainda terá muito trabalho pela frente para fazer desse Corinthians um time verdadeiramente competitivo. Aquele vigor todo demonstrado na virada contra o Inter foi só um sopro, só uma ilusão.