O futebol é mestre em criar roteiros perfeitos — e, por vezes, cruéis. Nesta quinta-feira, no Estádio Rei Pelé, em Maceió, ele armou um daqueles enredos que ficam para sempre na memória. Sob os olhos de uma torcida alagoana em êxtase, o Santos selou mais um capítulo melancólico de sua história recente.
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No palco que carrega o nome de Pelé, símbolo máximo de um Santos que já foi soberano e encantou o mundo, o que se viu foi quase uma heresia futebolística. Um time perdido, incapaz de honrar sua própria camisa, eliminado da Copa do Brasil nos pênaltis para o CRB, após dois empates — 1 a 1 na Vila e 0 a 0 em Maceió.

A disputa por pênaltis foi a síntese do drama. Na última cobrança, o zagueiro Zé Ivaldo bateu e Matheus Albino, herói da noite, acertou o canto direito para defender. Explosão no Rei Pelé. Delírio absoluto da torcida alagoana, que lotou o estádio e viu o Galo da Praia conquistar uma classificação histórica.
Retorno de Neymar após 36 dias
Do outro lado, o retrato do fracasso. Nem o retorno de Neymar, após 36 dias afastado, foi suficiente para mudar o rumo. O camisa 10 entrou aos 20 minutos do segundo tempo e até fez sua parte. Tentou jogadas de ataque, chamou o jogo, criou as melhores chances, bateu e converteu o primeiro pênalti da série decisiva — mas, assim como todo o Santos, parou em Mateus Albino. Ou melhor: parou na má fase do Peixe, mergulhado na escuridão. Sem vitórias e sem perspectivas.
Ao final do jogo, Neymar falou com a sinceridade de quem enxerga o tamanho do buraco. Ele tem contrato até 30 de junho e, sem esconder, admite que não sabe se vai renová-lo. Disse que não sabia da situação. Parecia até desanimado em projetar mais um período de provações na Vila.
Não tenho o que dizer. A situação é muito ruim. Só depende de nós para sair dessa situação. Eu sei que posso fazer a diferença, mas o time não pode depender só de mim. NEYMAR
A eliminação vai muito além de um fracasso esportivo. É a fotografia cruel de um clube desorientado, sem rumo, que se perde nas próprias escolhas. A aposta na inexperiência de ClEber Xavier, auxiliar de Tite que resolveu estrear como treinador justamente no caldeirão da Vila, revelou-se um erro que agora cobra seu preço. O time até teve alguns avanços táticos com ele, é verdade. Mas a série de derrotas e empates (5 jogos) pavimenta o caminho para uma demissão que parece tão breve quanto necessária. O projeto de tentar inovar com ele não deu certo.
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O apito final e a defesa que sacramentou a vitória do CRB não foram apenas o fim de um jogo. Foram mais um golpe na autoestima de um Santos que se distancia, a cada dia, do que já foi. No palco do Rei, o Santos saiu pequeno, desonrando suas melhores tradições.