POR PAULO VINÍCIUS COELHO (PVC)
ESPECIAL PARA O THE FOOTBALL

Mais do que a contratação de Carlo Ancelotti pela seleção brasileira, impressionou a CBF anunciar sua chegada antes de o Real Madrid informar sua saída. Dá a noção da pressão sobre a gestão de Ednaldo Rodrigues. Ancelotti só se pronunciou no dia seguinte, depois de quase 24 horas de calar-se consentindo.

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A escolha é ótima. Ancelotti não é um revolucionário, mas um camaleão. Adapta-se a jogadores, nacionalidades, tipos de gente diferentes. Foi capaz de liderar Shevchenko e Cristiano Ronaldo, jovens como Kaká e Vinicius Júnior, coadjuvantes eternos como Gennaro Gattuso. A todos, impressionou pela simplicidade e pela autoridade imposta pelo conhecimento, não pelos gritos.

Carlo Ancelotti não pode chegar ao Brasil apenas para ganhar uma Copa do Mundo: tem de deixar um legado / Instagram

Acontece que o futebol corre o risco de repetir o que houve no basquete brasileiro. Lembre-se de que, em 2010, a seleção contratou o técnico campeão olímpico pela Argentina, Ruben Magnano. Sua missão era revitalizar uma modalidade tradicional no Brasil, bicampeã mundial em 1959 e 1963, mas distante de seu melhor momento.

Não é só ganhar a Copa

Magnano dirigiu o Brasil na Olimpíada de 2012, em Londres, e fez todo o percurso para o Rio, em 2016. Nos Jogos disputados em território nacional, ganhou apenas uma partida, contra a Espanha. Nove anos depois de sua partida, qual o resultado de seu trabalho? Nenhum! Não por sua culpa, mas da CBB, que usou sua grife como chamariz, não como parte de um projeto de reconstrução.

Ancelotti parece o mesmo. Vem para tentar ganhar a Copa do Mundo, não para emprestar sua experiência. Em 2026, além do aniversário de 24 anos sem uma conquista mundial, a confederação brasileira festejará dez anos da criação da CBF Academy. Deveria ser um centro de referência do futebol na América do Sul. É uma academia comercial de vendas de certificados, não de conhecimento.

Ancelotti precisa ser o símbolo da revitalização do estilo de jogar futebol que se pretende neste ex-país do futebol. Sabe ser defensivo, mas foi recordista de gols marcados no Campeonato Inglês, com os 103 gols anotados por seu Chelsea, campeão de 2010. O recorde foi quebrado oito anos mais tarde, por Guardiola, mas deixou claro que o novo selecionador nacional sabe atacar, defender, equilibrar-se.

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Neste país que quer voltar a ser do futebol, equilíbrio precisa ser mais do que permanecer no cargo. Ancelotti será ótimo se for uma ponte do Brasil, do passado para o futuro – ou até para o presente, do qual estamos distantes. Se for diferente, mais do mesmo, a CBF correrá o risco de repetir o que houve com o basquete do Brasil. Aquele esporte sobre o qual você precisa pesquisar para conhecer os últimos resultados.

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