Enfim, a seleção brasileira viveu um momento de gala, longe dos escândalos que marcaram os últimos tempos da CBF. A apresentação oficial de Carlo Ancelotti como nosso novo treinador transformou-se num grande evento esportivo, que atraiu o interesse de 500 jornalistas de todo o mundo. Depois da passagem inexpressiva de três técnicos domésticos, a chegada do italiano sinaliza claramente que o País do Futebol ainda tem capital para voltar ao protagonismo da cena.

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A primeira convocação de Ancelotti à frente da seleção brasileira oferece uma pista clara sobre o início do seu trabalho. A volta do volante Casemiro, aos 33 anos, é, sem dúvida, a primeira assinatura do técnico italiano no comando do Brasil. Não por acaso. Casemiro foi seu jogador por anos no Real Madrid, homem de confiança, líder dentro e fora de campo. Sua convocação não é apenas uma escolha técnica. É uma sinalização de que Ancelotti busca, desde já, ter figuras de referência para ajudar a conduzir esse novo ciclo.

Carlo Ancelotti faz sua primeira convocação na seleção brasileira para jogos das Eliminatórias / CBF

Fora isso, quase nenhuma novidade. O que, de certa forma, reforça a ideia de um início de trabalho ainda muito superficial. Essa primeira lista não é, exatamente, um retrato autoral do treinador. E nem poderia ser. Com pouco tempo de contato com o futebol brasileiro, sem a chance de observar de perto o cenário local, Ancelotti naturalmente recorreu a informações, análises e filtros da própria estrutura permanente da CBF. Uma estrutura que, em boa parte, é herança da gestão anterior.

Ancelotti não tem rabo preso

Nada disso, claro, tira o mérito de ninguém. Mas ajuda a entender que a transformação que tanto se espera da seleção não começaria, necessariamente, por essa lista. Porque o verdadeiro problema do Brasil não está (ou não está apenas) nos nomes que vão para o campo. Mas, sim, na cultura que, por anos, contaminou suas escolhas — um processo marcado por interferências externas, interesses paralelos, influência de empresários e de dirigentes que se julgam donos do time nacional.

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Se Ancelotti tem um trunfo, ele está justamente aí. Na sua independência. Na sua autonomia. No fato de não dever favores, não carregar amarras e não ter rabo preso com ninguém do mercado interno. Seu currículo lhe dá autoridade. O nome impõe respeito. Seu histórico lhe dá blindagem contra os velhos vícios da cartolagem brasileira.

Por isso, mais do que discutir nomes, o que está em jogo aqui é a possibilidade de ruptura. A mudança recente no comando da CBF, que levou Samir Xaud à presidência, cria um cenário raro para o treinador: uma terra sem compromissos herdados, sem acordos de bastidor que amarraram gestões anteriores. É uma chance de começar, de fato, do zero.

Ancelotti recebe o carinho de personalidades do nosso futebol, como Júnior, Parreira, Zico e Felipão / Reprodução

E talvez seja essa, no fim, a melhor notícia desse novo ciclo. Pela primeira vez em muito tempo, a seleção tem no banco alguém com tamanho, credibilidade e autonomia para fazer as mudanças que há anos foram adiadas. Alguém que não precisará pedir licença para fazer o que precisa ser feito.

Ancelotti sabe o que esperam dele

Na coletiva, Ancelotti não escondeu o tamanho da missão que abraçou, nem a honra que sente por estar no comando da seleção mais campeã do mundo. E deixou, nas palavras, um compromisso que vale como ponto de partida para este novo capítulo:

Eu sei o que esperam de mim. O Brasil ganhou cinco copas do mundo e quer ganhar a sexta e me escolheu para esse desafio. É uma tremenda responsabilidade, mas eu a encaro com prazer. Eu sinto muito orgulho de estar aqui. Espero poder refazer a conexão da seleção com o povo brasileiro. É importante ter o apoio e a ajuda de um país.
ANCELOTTI

Bem-vindo, Carlo!

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