A coletiva de imprensa concedida por Augusto Melo nesta sexta-feira na Neo Química Arena ficará marcada não pela força de seus argumentos nem pela robustez de sua defesa, mas pelas oportunidades desperdiçadas. O presidente do Corinthians, cercado por denúncias que o colocam como indiciado no escândalo do contrato com do clube com a VaideBet, teve, diante dos microfones, duas alternativas que poderiam significar um gesto de grandeza, raríssimo na política do futebol brasileiro.
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Poderia ter anunciado sua renúncia, oferecendo ao clube a chance de se libertar do constrangimento que o arrasta há semanas para as páginas policiais, ou poderia ter apresentado, de forma inequívoca, as provas materiais de sua inocência — algo que, até aqui, limita-se ao terreno das declarações vazias e da retórica defensiva.

Augusto Melo não fez nem uma coisa nem outra. Optou, em vez disso, por repetir a narrativa desgastada de que é “vítima” de uma conspiração política. Um discurso pobre, insuficiente e, sobretudo, desconectado da gravidade dos fatos que hoje colocam o Corinthians no epicentro de mais um escândalo institucional.
Inquérito robusto contra Melo
O presidente corintiano parece não compreender — ou finge não compreender — que a crise que sufoca o clube transcende qualquer rivalidade política interna. Não é mais uma questão de disputa eleitoral, de alas, de grupos ou de heranças do passado recente. É uma questão de credibilidade, de governança, de integridade. E, mais do que isso, é uma questão de sobrevivência institucional.
A Polícia Civil não atua por capricho. O Ministério Público não prepara denúncias por conveniência política. Há um inquérito robusto, um relatório extenso, provas, depoimentos, rastros financeiros. Tudo isso sustenta o indiciamento do presidente do Corinthians.
Diante desse cenário, seguir apegado à tese de que tudo não passa de uma armadilha política é uma estratégia que beira o negacionismo — e que não resiste ao peso dos fatos.
Presidente não apresenta provas
Ao se recusar a apresentar as provas que diz possuir, Augusto Melo não apenas compromete sua própria defesa: compromete, sobretudo, a imagem e o futuro do Corinthians. E, ao descartar o caminho da renúncia, perde a chance rara de demonstrar grandeza — não como confissão de culpa, mas como um gesto de respeito à instituição que representa, à sua história, e à sua torcida.

A permanência de Augusto no cargo não interessa mais ao Corinthians. O clube tornou-se refém de uma agenda que não é mais esportiva nem administrativa nem política. É policial. E o ônus disso recai, direta e cruelmente, sobre a nação corintiana, sobre seus mais de 35 milhões de torcedores, sobre sua imagem, seu presente e seu futuro.
A verdade é que Augusto Melo está acuado. E não está acuado por forças ocultas nem por complôs imaginários. Está acuado pelos próprios erros, pelos próprios atos e omissões e pelas consequências que agora batem à porta do Parque São Jorge.
Corinthians é refém dos escândalos
Na próxima segunda-feira, o Conselho Deliberativo avaliará mais um processo de impeachment. É um ritual que, se as instituições internas do clube quiserem honrar sua própria história, não pode mais ser tratado como mero embate político. O que estará em jogo não é apenas o destino de um dirigente, é a reputação do Sport Club Corinthians Paulista.
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Seja qual for o desfecho, o fato é que o Corinthians não merece viver refém de escândalos sucessivos, de práticas que afrontam a ética, a transparência e o mínimo que se espera de quem tem a responsabilidade de conduzir uma das maiores instituições do futebol mundial. O Corinthians é maior do que qualquer dirigente, maior do que qualquer crise, maior do que qualquer vaidade. E é por isso que é preciso, com urgência, colocar o clube de volta no seu lugar: no campo, na história e longe das páginas policiais.